A Teologia Negra, mais um modismo progressista importado com atraso dos Estados Unidos, chega aqui no Brasil repetindo os mesmos discursos de desconstrução que são feitos por lá desde os anos 1970. Lá já haviam problematizado o hino “Alvo mais que a neve”, a canção “White Christmas” (uma óbvia referência à neve do período do Natal) e outras músicas. É com base nessa hipersensibilidade que algumas pessoas estão sugerindo que cristãos parem de falar que “há poder no sangue de Jesus”, e denunciam o suposto incentivo à violência e ao militarismo nos hinos que apelam às figuras de soldados, exércitos, armas e sangue. E não importa avisar que uma das instituições evangélicas que mais fazem o bem neste mundo é o “Exército da Salvação”!
Há quem problematize a cruz e a doutrina da expiação como defesa da violência; e alguém até classificou a doutrina da expiação como “abuso infantil cósmico” de um Pai sanguinário sobre um Filho inocente.
Agora, chega ao Brasil, com anos de atraso, a problematização de um dos hinos mais queridos entre os protestantes e evangélicos: “Alvo mais que a neve”, cuja letra se baseia no Salmo 51 e em Isaías 1. O hino está sendo acusado de promover ideias racistas, como se o texto bíblico em que se fundamenta tivesse sido produzido como uma tentativa de incorporar os valores racistas de alguma sociedade branca dominante!
E não adianta explicar que, em Isaías, o contraste do branco não é com o preto, mas com a cor vermelha. Nem explicar que os dois textos falam de pecado, não de etnia ou cor da pele.
Recentemente, tentaram mudar a letra do hino “In Christ alone”, para remover uma referência à ira de Deus e não ofender as “novas gerações”. Sinceramente, me parece um curioso caso de combate à dominação pelo discurso através da… dominação pelo discurso!
Esse hino (e outros que fazem a mesma referência) tem sido cantado por séculos em congregações de irmãos negros sem nenhum problema. As pessoas sabem do que se trata. Elas sabem que a Bíblia não foi escrita pela Ku Klux Klan. Aliás, a “Slave Bible” (Bíblia utilizada por escravistas do século 19) é que editava textos e arrancava livros inteiros da Escritura.
De fato, existe racismo em nossa cultura, e ele pode transparecer em nossas produções, ainda que de maneira não intencional. No entanto, quando tudo é racismo, nada é racismo. Nossas hipersensibilidades culturais devem ser abordadas com cuidado, mas não podem julgar nem invalidar a Palavra para que o ser humano pecador nunca se sinta ofendido (a própria palavra “pecado” já ofende muita gente hoje…). Em vez de não cantar o texto sagrado, deveríamos meditar sobre ele e ensinar as pessoas do que se trata: a malignidade do pecado.
Racismo é pecado e heresia, e deve ser tratado como tal. E ninguém precisa pular ou editar o Salmo 51:7 e Isaías 1:18 para fazer isso.
Fonte: https://michelsonborges.wordpress.com/
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